Poucos atores foram tão importantes para uma série quanto Steve Carell em The Office. Carta carimbada desde o primeiro episódio, o ator seria uma peça fundamental para o sucesso da franquia, com sua atuação para Michael Scott estando entre as mais icônicas (e vergonhosas) que o alguém poderia esperar – e que cairia como uma luva para o estilo “pseudodocumentário” da produção.

Talvez por isso a notícia de sua saída tenha sido tão mal recebida pelos fãs, que nunca entenderiam as razões da NBC para o corte repentino do ator. A conclusão dessa história, é claro, não poderia ser pior, com duas temporadas abaixo das expectativas e um encerramento abrupto no pior momento da franquia – e que talvez pudesse ter sido evitado com um certo líder atrapalhado de volta ao comando. Mas por que Steve Carell saiu da série, afinal?

Steve Carell não queria sair de The Office

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Saída não foi uma escolha apenas do ator - NBC/Reprodução

A decisão para a saída de Carell não partiu do ator. Em vez disso, foram os produtores de The Office que decidiriam não renovar o contrato com o comediante. Segundo Andy Greene revelou em The Office: A História da Maior Sitcom dos Anos 2000, Carell não estaria de fato interessado em deixar o programa, mas tomou essa decisão após a aparente falta de interesse do estúdio com sua participação.

Meses antes de deixar o projeto, o ator já daria uma entrevista comentando a atual situação de seu contrato com a empresa, e como o tempo para o término do contrato estava chegando ao fim. Na época, Carell até mesmo sugeriria uma possível saída da franquia, mas acabaria não recebendo um retorno dos produtores. Conversas ou qualquer tipo de negociação nunca aconteceram, e o descaso dos responsáveis pelo projeto fariam com que o ator sentisse que já era hora de deixar o programa.

“Ele estava dando uma entrevista de rádio e mencionou aleatoriamente, quase inconscientemente, que poderia ser sua última temporada. […] Então o que ele disse foi que as pessoas conectadas ao programa não reagiram a isso. Elas não ligaram e disseram: ‘O quê? Você quer sair?’ Ele não obteve nenhum tipo de resposta. Quando percebeu que eles não responderiam, ele pensou: ‘Bem, talvez elas realmente não se importem se eu sair. Talvez eu devesse fazer outras coisas.’”

Com isso, Michael Scott deixaria o quadro de funcionários já no final da sétima temporada, e seria substituído por uma série de rostos conhecidos, mas sem o mesmo carisma do antigo protagonista. Isso incluiria nomes como Deangelo Vickers (Will Ferrell), Robert California (James Spader), Andy Bernard (Ed Helms) e até mesmo o fiel assistente de gerente regional, Dwight (Rainn Wilson), que assumiria o cargo já no final da última temporada. As mudanças constantes entre os atores seriam um indicativo de que as coisas já não caminhavam muito bem, e o término em apenas duas temporadas deixaram isso ainda mais claro.

Ator deu sua versão da história anos depois de saída

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Ator também daria sua versão dos fatos em podcast - NBC/Reprodução

Em conversa ao Podcast Office Ladies, comandado pelas ex-colegas de elenco Jenna Fischer (Pam Beesly) e Angela Kinsey (Angela Martin), Carell falou sobre o momento de sua saída e como encarou a possibilidade de passar a cadeira adiante. Segundo o ator, embora o hábito de não olhar para as câmeras tenha sido algo difícil de se resolver, aquela lhe pareceu a ocasião certa para seguir em frente e dar a oportunidade para que outros personagens pudessem ser explorados. O ator ainda disse estar feliz com seu envolvimento na história, e falou sobre a alegria de ter feito parte do projeto.

“Era hora de outros personagens darem um passo à frente e outras histórias serem perseguidas. Acho que foi o momento certo… o momento certo para todos, mas simultaneamente há apenas uma sensação de alegria para mim por termos vivido tudo isso e estarmos passando mais um tempo juntos”.

Embora tenha colocado em panos quentes a situação, a resposta conciliadora também não assumiria a autoria de sua saída – ainda que não acusasse ninguém por isso. Seja como for, Carell não parece carregar rancores com o possível ocorrido fora das câmeras, seguindo adiante com sua prestigiada carreira e distante de qualquer polêmica envolvendo o escritório da Pensilvânia. Algo que não poderíamos dizer para The Office.

Sem Carell, série enfrentaria baixa vertiginosa de audiência

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Saída de Michael Scott afetaria qualidade da produção - NBC/Reprodução

Ninguém discorda que Michael Scott era o verdadeiro rosto da franquia, e sem sua presença as coisas não demoraram para sair do controle. Após a despedida do personagem, outros nomes escolhidos para assumir o comando nunca chegaram a chamar muita atenção, sendo constantemente ofuscados pela sombra do antigo gerente. Para piorar a situação, as histórias também começaram a ficar menos interessantes com o passar do tempo, com a adição de novos personagens que não pareciam se encaixar na dinâmica do seriado fazendo da fase uma das mais odiadas pelos fãs da franquia.

Tudo isso, aliado à falta do antigo protagonista, um roteiro abaixo das expectativas e personagens novos pouco carismáticos fizeram com que a série caísse em uma espiral de audiência, e encontrasse seu fim apenas duas temporadas após a saída do ator. Felizmente, essa despedida não aconteceria sem que Steve Carell pudesse fazer uma última aparição na série.

Steve Carell voltaria para a temporada final de The Office

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Ator faria volta triunfal para o episódio final de "The Office" (2005) - NBC/Reprodução

Quando a última temporada de The Office foi então anunciada, as expectativas para a volta de Steve Carell para o programa eram as mais altas possíveis – e elas felizmente seriam atendidas. O ator faria uma breve aparição nos episódios finais da série, mas sua participação mais incisiva aconteceria somente no último episódio do seriado, onde ele surgiria de forma inesperada para o casamento de Dwight e Angela.

Embora não teríamos o líder atrapalhado falando mais uma de suas banalidades dentro da sala de um escritório, o momento serviria ao menos para dar um encerramento digno para a história do personagem, além de ser uma maneira adequada para concluir a série que os fãs acompanharam por tanto tempo ao longo de quase uma década – mesmo que seus últimos dias não tenham sido dos melhores.