Refazer um clássico definitivamente não é uma tarefa fácil, principalmente quando ele vem acompanhado de outras três continuações. Mas foi isso que o diretor Tim Burton (Coraline) precisou enfrentar quando aceitou o desafio de levar às telonas os famosos primatas de Planeta dos Macacos.

Lançado originalmente em 1968, a franquia ganharia ainda outros três filmes até que finalmente entrasse em hibernação em 73, muito graças a recepção amistosa do público à Batalha do Planeta dos Macacos. Quase 30 anos depois, um novo astronauta pousaria as terras primitivas de um mundo pós-apocalíptico e daria início ao seu primeiro (e único) remake da saga, com Planeta dos Macacos (2001).

Para o azar dos símios, no entanto, por muito pouco essa não se tornou uma viagem sem volta, com a franquia só retornando a vida de forma definitiva mais de dez anos depois, com a trilogia do diretor Matt Reeves dos famosos primatas. Mas, afinal de contas, o que de fato aconteceu com o longa de Tim Burton para ser tão odiado pelos fãs da saga?

Embora não se possa bater o martelo e garantir um único motivo para a baixa aceitação dos fãs, ainda é possível reconhecer as principais razões que quase levaram a saga dos chimpanzés à sua inesperada extinção nos cinemas. Por isso, decidimos reunir aqui algumas das críticas que o longa de Burton sofreu na época, e responder de uma vez por todas porque o remake de Planeta dos Macacos foi tão odiado.

1Comparação com o longa original

Planeta dos Macacos
Lisa Marie e Glenn Shadix em "Planeta dos Macacos" (2001) - 20th Century Studios/Divulgação

Como era inevitável, o longa do diretor Tim Burton precisou lidar com as comparações constantes com o primeiro filme da franquia, algo que definitivamente não ajudou o cineasta na hora de adaptar sua história – principalmente quando levamos em consideração os impactos da primeira produção não apenas para a saga, mas também para o cinema.

Enquanto o longa de Franklin J. Schaffner (Papillon) se tornou um clássico instantâneo ainda em seu lançamento graças a sua trama e alegorias com a sociedade da época, a produção de Burton tomou rumos menos ousados, caindo em chavões e um enredo pouco inspirado, mesmo quando comparado a outros filmes da franquia.

Além disso, a reviravolta surpreendente do primeiro filme não conseguiu alcançar o mesmo impacto em sua reimaginação, embora não se possa culpar inteiramente o diretor por conta desse detalhe.

2Efeitos visuais

Planeta dos Macacos
David Warner e o diretor Tim Burton nos bastidores de "Planeta dos Macacos" (2001) - 20th Century Studios/Divulgação

Outra crítica ficou para os efeitos visuais, por um motivo no mínimo inusitado. Diferentemente do que se possa imaginar, as principais reclamações não foram pela qualidade dos efeitos, e sim sua quantidade. Embora o filme tenha apresentado efeitos visuais inovadores para a época, o uso exagerado foi quem acabou chamando atenção, com parte dos fãs se dizendo incapazes de se ligarem a obra graças a este motivo.

Mas é claro que não foram só elogios a tecnologia, com parte da crítica também pontuando problemas com os efeitos visuais, em especial para o uso de macacos digitais, com alguns espectadores considerando os símios exageradamente artificiais – algo que definitivamente não ajudou na hora da imersão.

Além disso, a integração entre os atores com os efeitos e outros objetos criados com o uso de computador também foram matéria de reclamação, principalmente pelas expectativas criadas em torno dessa tecnologia após quase 30 anos desde o seu último filme.

3Expectativas frustradas

Planeta dos Macacos
tim roth como General Thade em "Planeta dos Macacos" (2001 - )20th Century Studios/Divulgação

E falando em expectativas não atendidas, não é de hoje que Hollywood desaponta os fãs mais ansiosos. Além de marcar a volta do diretor Tim Burton na época, o longa de Planeta dos Macacos também foi responsável por criar uma verdadeira onda de hype em torno de si mesmo, principalmente pelo tempo em que levou para voltar às telonas.

Diante disso, não é de se surpreender que os problemas encontrados voltariam como um tsunami para os fãs mais apaixonados dos primatas, que tiveram suas expectativas levadas ao chão em menos de duas horas de duração, em uma trama desinteressante e pouco inspirada.

4Roteiro e execução

Planeta dos Macacos
Mark Wahlberg e Estella Warren em "Planeta dos Macacos" (2001) - 20th Century Studios/Divulgação

Não tem como falar dos principais problemas do filme de Tim Burton sem um tópico exclusivo para a história da nova versão. Sendo uma das críticas mais recorrentes de toda produção, o roteiro mal elaborado e a falta de profundidade dos seus personagens foram essenciais para o péssimo recebimento do público, que viu na história tramas exploradas de forma insatisfatórias ou quase incompreensíveis.

Para piorar, não são poucos os momentos de ação interrompidos de forma artificial para a contemplação de cenários ou frases de efeito, além do uso excessivo de clichês ao longo de toda história – algo amplificado pelas inevitáveis comparações com o longa anterior.

As consequências do remake de Planeta dos Macacos para a franquia

Planeta dos Macacos
David Warner como o Senador Sandar em "Planeta dos Macacos" (2001) - 20th Century Studios/Divulgação

Ainda assim, mesmo com todos esses problemas, a volta de Planeta dos Macacos às telonas não tem do que se queixar, tendo arrecado ao longo de sua estadia nos cinemas cerca de U$ 362 milhões mundialmente – ficando acima de outros títulos da franquias.

A razão para esse “sucesso”, no entanto, se deve muito mais a volta de Burton e seus símios à telona do que a qualidade de sua produção em si. Algo que ficou ainda mais claro quando o estúdio decidiu por interromper o projeto e cancelar a reinicialização da franquia dos seus famosos primatas.

Felizmente, a história sofreria um revés em 2011, quando o então diretor Rupert Wyatt (O Escapista) voltaria a saga dos macacos explorando o passado dessa trama distópica. Depois disso, Matt Reeves tomaria as rédeas da nova trilogia, dando seguimento ao projeto iniciado com Planeta dos Macacos: A Origem e criaria uma nova (e quem sabe longeva) saga para os primatas.

Parece que, assim como nos filmes, os macacos sempre acabam voltando ao poder.