Responsável por ser o grande algoz entre Jack e Rose abordo do famoso Titanic, Cal acabaria escapando com vida do trágico acidente envolvendo o navio, mas encontraria um fim igualmente chocante anos depois, já em terra firme e longe das águas. Embora Jack seja o primeiro nome quando pensamos no final dramático do longa de James Cameron, a verdade é que o personagem está longe de ser o único parceiro romântico de Rose que passaria por maus bocados em sua vida, com Cal Hockley (Billy Zane) também enfrentando situações desagradáveis em sua conturbada jornada.

Tudo isso, é claro, não mudaria em nada os problemas envolvendo nosso vilão, com seu humor explosivo e jeitão pra lá de manipulador sendo uma característica difícil de ser perdoada. Apesar disso, o fim que o personagem encontrou conseguiria colocar mesmo os mais rancorosos dos fãs em dúvida se ele de fato merecia passar por tudo o que lhe aconteceu – ou se uma redenção não seria uma conclusão menos deprimente para ele.

O fim trágico de Cal depois que o Titanic afundou

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Billy Zane como o excêntrico Cal Hockley em "Titanic" (1998) - Paramount Pictures/Reprodução

Enquanto relembrava seu passado já abordo do navio RMS Carpathia e os refugiados do naufrágio, Rose contaria um pouco da vida de seu antigo parceiro Cal, e como ele encontraria seu fim trágico já longe das águas do Atlântico. Após o incidente, e acreditando ter perdido Rose para sempre, Cal finalmente casaria (agora com outra pretendente) e herdaria uma volumosa fortuna em Pittsburgh. Infelizmente para o personagem, a queda do Wall Street em 1929 jogaria um balde de água fria em seu aparente final feliz, com a riqueza de Cal sendo completamente perdida – algo que levaria nosso antagonista a atentar contra a própria vida no fim.

Embora não vejamos tudo isso de fato acontecer, o suicídio de Cal parece ir de encontro com as crenças que o personagem mostraria ao longo do filme, com a riqueza sendo um paralelo constante entre Jack e nosso antagonista. Perder seu dinheiro, é claro, não o tornaria uma pessoa pior, mas dificilmente seria uma situação da qual Cal estaria preparado para passar (principalmente quando isso era tudo o que ele tinha para oferecer).

Por que deixar Cal sobreviver ao naufrágio só para matá-lo em seguida?

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Os "pombinhos" Billy Zane e Kate Winslet em "Titanic" (1998) - Paramount Pictures/Reprodução

A escolha por manter Cal vivo durante o maior desastre marítimo do planeta apenas para matá-lo anos depois em uma queda da bolsa de valores não parece lá muito emocionante, mas ajudaria Cameron em algumas questões envolvendo sua história. Afinal, a conclusão não apenas serviria para mostrar até que ponto o personagem estava disposto a levar sua deturpada visão sobre a riqueza, mas também para dar ao público um desfecho definitivo ao seu problemático antagonista, com seu fim longe das águas apenas enfatizando como Cal era alguém que jamais mudaria – mesmo com uma nova oportunidade em suas mãos.

Enquanto Rose aproveitaria sua nova vida em terra firme ao lado de uma nova família, Cal jamais mostraria qualquer sinal de mudança, com sua problemática visão sobre a riqueza levando o personagem a própria ruína. Cal poderia ter repensado o valor que dava para o dinheiro quando encontrou Jack no navio, e ao ter seu dinheiro recusado durante o próprio naufrágio, mas nada parecia surtir efeito para mudar seus ideais. Quando finalmente perdeu seu dinheiro na queda da bolsa de 29, essa era a oportunidade derradeira de compreender o real significado da riqueza, mas a conclusão acabaria não se mostrando satisfatória para nosso complicado herói. No fim, o fim trágico do personagem serviria para provar que Cal jamais mudaria, mesmo encontrando uma nova chance para que isso acontecesse.

Cal não merecia seu final trágico?

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Billy Zane como o excêntrico Cal Hockley em "Titanic" (1998) - Paramount Pictures/Reprodução

Ninguém discorda que Cal estava longe de ser uma boa pessoa, com sua tentativa de assassinar a própria esposa e usar uma criancinha para se salvar do naufrágio apenas provando isso. No entanto, o suicídio parece uma conclusão extrema para o personagem, que embora tenha demonstrado ser uma figura controvérsia durante a maior parte do tempo, também teve seus momentos de humanidade ao longo do filme – ou teria, se a cena não tivesse sido deletada.

Após os eventos traumáticos do naufrágio do Titanic terem acontecido e Rose já estar a salvo no RMS Carpathia com o resto dos passageiros resgatados, Cal é visto procurando por sua antiga parceira, com a versão estendida do longa deixando claro que ele estava realmente preocupado com ela. Ao encontrar uma figura ruiva parecida com Rose, Cal se provaria genuinamente feliz, embora seu bom humor logo seria destruido ao descobrir não se tratar dela.

Cameron possivelmente cortaria a cena para não prejudicar a visão vilanesca do antagonista ao longo do filme, com uma demonstração de humanidade podendo causar sentimentos conflitantes em relação ao controverso personagem. Apesar disso, passar pelos eventos traumáticos envolvendo o Titatic já parece uma punição mais que suficiente para qualquer pessoa daquele navio – mesmo que ela seja o Cal. O personagem, é claro, teria uma chance de se redimir no final, com sua vida salva e uma herança milionária parecendo o suficiente para qualquer pessoa colocar as coisas em ordem, mas a personalidade de Cal não parece ter permitido que as coisas terminassem bem para o seu lado (seja isso bom ou ruim).