Em meio a sucessos de bilheteria como O Senhor dos Anéis e Harry Potter, não é difícil entender o interesse dos grandes estúdios em encontrar a próxima galinha dos ovos de ouro de Hollywood, com um bom resultado podendo representar verdadeiros rios de dinheiro aos cofres da própria empresa. Mas o contrário também é verdade. Para cada saga de fantasia que conseguiu atingir o tão cobiçado apelo popular, existe outra infinidade de fracassos igualmente volumosos, com sonhos despedaçados e carreiras inteiras jogadas ao próprio esquecimento.
Filmes como Máquinas Mortais, Van Helsing e o subestimado Avatar são apenas alguns exemplos dessa história, com promessas de uma franquia cinematográfica jamais se concretizando e dando prejuízos aos seus criadores. Mas eles não são os únicos. Nenhum fracasso recente parece superar a famosa franquia de videogames Warcraft e seu problemático lançamento para as telas em O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016), com carreiras destruídas, uma franquia cancelada e quase 10 anos sem notícias sobre o assunto. Algo praticamente impossível de se imaginar quando foi anunciado.
Warcraft não atingiu as expectativas, colocou a trilogia na geladeira e decretou o fim da carreira do seu diretor
Ainda em 2006, quando as primeiras notícias referentes ao longa de Warcraft começaram a chegar, não foram poucas as expectativas que a nova franquia de fantasia trouxe com ela, com alguns fãs acreditando até mesmo que a famosa Terra Média poderia encontrar finalmente um rival à altura. Mas não foi bem isso que aconteceu. Quando chegou às telonas, quase uma década depois, O Primeiro Encontro de Dois Mundos angariaria resultados pouco animadores, com críticas mistas (via Rotten Tomatoes) e uma arrecadação abaixo das expectativas.
Isso, é claro, não significaria pouco dinheiro, com uma bilheteria de US$ 439 milhões dando um verdadeiro banho de água fria em muitas franquias por aí – mas ainda conseguiria estar abaixo do que era esperado. Com gastos que chegavam próximos aos US$ 200 milhões e uma saga de jogos bilionária nas mãos, não é de se surpreender que as expectativas estavam nas alturas quando a Legendary Pictures e a dona Blizzard decidiram embarcar nessa história – e é ainda menos surpreendente entender o desapontamento dos estúdios quando os resultados não foram como o esperado. Críticas desastrosas, custos dispendiosos e um verdadeiro vai e vem na hora das gravações desse longa parecem ter sido o suficiente para levar as empresas a repensarem seus planos, com uma continuação parecendo mais longe do que nunca de acontecer.
Não obstante o fracasso de bilheteria, o longa ainda colocaria a carreira do próprio diretor Duncan Jones em jogo, com o cineasta lançando apenas um filme depois da divisiva aceitação do público e seu longa. Embora já não tivesse uma carreira bem estabilizada em Hollywood, com filmes sendo lançados em intervalos grandes de tempo, a verdade é que uma pausa de quase seis anos parecem férias grandes demais até mesmo para o cineasta, principalmente com longas como Contra o Tempo e Lunar recheando sua bagagem. Não está claro até que ponto a má recepção de Warcraft e seu descanso fora das câmeras estão interligados, mas ninguém parece duvidar da ligação de ambos os casos.
Ainda assim, mesmo que a recepção do longa não tenha sido das melhores, a arrecadação robusta ainda seria suficiente para colocar o longa no topo das maiores bilheterias envolvendo uma adaptação de videogame, só sendo superado com os filmes de Detetive Pikachu (US$ 449 milhões) e, é claro, Super Mario Bros.: O Filme, com seus mais de US$ 1 bilhão arrecadados. Em uma redenção tardia, Warcraft ainda conseguiria atingir bons números no streaming vermelho, elencando até mesmo entre os filmes mais assistidos da plataforma, algo que definitivamente não é de se jogar fora. Embora isso não resolva os problemas do passado e do seu diretor, ao menos serve de alento para os fãs da franquia, que nunca deixaram de provar seu amor pela saga – mesmo que o filme não tenha dado lá muito certo.