A tecnologia pode ter avançado, mas nada parece ter superado um filme clássico dos anos 80 e sua icônica transformação em lobisomem. É claro que estamos falando de Um Lobisomem Americano em Londres, filme de 1981 considerado por muitos como a melhor metamorfose canina de todos os tempos. E motivos não faltam para isso.
Motivo de horror de muitos jovens dos anos 80 e 90, o filme é tido até hoje como uma das mais viscerais transformações envolvendo o gênero do terror, com suas mudanças gradativas e gritos constantes em meio ao estalar de ossos, fazendo do momento uma situação difícil de ser esquecida. Mas para que isso fosse possível e a cena atendesse as expectativas geradas, dezenas de horas em meio a efeitos de maquiagem e rotinas de gravação seriam necessárias – tudo isso para que apenas alguns segundos de cena pudessem acontecer.
Transformação dos anos 80 segue surpreendente até os dias de hoje

Segundo fontes da internet, David Naughton, ator responsável pela execução da cena, teria revelado que quase uma semana de gravações seriam necessárias para que a transformação para lobisomem pudesse ser feita. De acordo com ele, foram utilizadas aproximadamente dez horas diárias apenas com a aplicação da maquiagem, incluindo cinco horas no set e outras três para que o ator pudesse remover todo trabalho. Graças a rotina cansativa de pré-gravação, apenas alguns minutos seriam filmados por dia, exigindo que o processo fosse repetido constantemente.
Já na reta final, quando a transição para homem-lobo estaria finalmente completa e o focinho atingiria sua maior extensão, um animatrônico seria utilizado no lugar do ator, permitindo que ele pudesse descansar um pouco da rotina exaustiva da produção. O resultado, que levaria quase uma semana para ser concluído, resultaria em uma cena realista com pouco mais de um minuto, onde David transitaria de sua forma humana para um assustador lobisomem.
O esforço, é claro, valeu a pena, com a transição para lobisomem estando entre as melhores e mais prestigiadas feitas desde então. Não à toa, o filme se tornou um clássico do cinema, garantindo elogios e servindo de inspiração até mesmo para o icônico clipe musical Thriller, de Michael Jackson, que contaria com a presença do próprio diretor John Landis entre os envolvidos. Um feito que mudaria a história da música para sempre.
Como Um Lobisomem Americano em Londres mudou a história da música

Após o sucesso em 82, Michael, que teria ficado empolgado com o longa de Landis, decidiria chamar o diretor para dirigir seu próximo clipe musical. A produção, mais tarde batizada de Thriller, ganharia fortes influências do longa do cineasta, que empregaria seu estilo característico na composição dos cenários e história contada.
Graças aos talentos de Landis e a visão única da estrela pop, Thriller se tornaria não apenas um sucesso musical, como também mudaria a história dos videoclipes para sempre. Depois do seu lançamento, vídeos músicas ganharam uma nova roupagem, com estrelas famosas e grandes estúdios buscando repetir o feito realizado pela produção. O resultado seriam clipes cada vez mais produzidos, com custos elevados e histórias dignas de um curta hollywoodiano. Um feito que nosso lobisomem pode se orgulhar de ter ajudado a conquistar.
Por que transformações como em Um Lobisomem Americano em Londres não acontecem mais?

Após quase meio século no ar, pode parecer estranho que uma produção dos anos 80 siga entre as melhores transformações de lobisomens de todos os tempos, mas a verdade é que existem alguns bons motivos para isso. Embora a tecnologia tenha avançado e novas técnicas não parem de surgir, fazer uma transição semelhante ao do Lobisomem Americano nunca deixou de ser um desafio, com os estúdios precisando investir rios de dinheiro para encontrar resultados menos críveis em uma tela de computador.
Considerando que os efeitos práticos não precisam lidar com o fato de parecerem digitais, franquias como as de Landis, e a própria trilogia de Indiana Jones, acabam saindo na frente contra seus companheiros computacionais. Isso, é claro, não impediria os grandes estúdios de repetir o feito e empregar efeitos práticos nos dias atuais, mas tal solução viria acompanhada de altos custos e tempos de produção ainda maiores – combinação que nenhuma empresa parece disposta a escolher.
Além disso, as franquias de lobisomens perderam popularidade ao longo dos anos. Quando foi lançado, o longa de Landis chegou aos cinemas com uma série de concorrentes caninos, como Sangue Amaldiçoado, Grito de Horror e Lobos. Atualmente, no entanto, embora lobisomens sigam populares, as sagas de terror parecem muito mais interessadas em baratear seus custos e aumentar seus ganhos – algo que um certo caçador peludo não parece poder ajudar. Considerando a fase atual de Hollywood, onde perseguidores fantasiados tomam conta do mercado, ver uma transformação como a do Lobisomem Americano parece um sonho distante.