Hoje em dia, Pixar e Disney podem até estar no mesmo barco, mas as coisas nem sempre foram assim. Antes de ser comprada pelo estúdio rival, a empresa de Toy Story e a dona do Mickey se envolveriam em algumas polêmicas ao longo dos anos, com direito a brigas e discussões públicas entre os estúdios. A questão, é claro, envolveria dinheiro, com a novela só terminando em 2006, quando nosso rato decidiu abrir a carteira e desembolsar mais de 7 bilhões pela aquisição da concorrente.
Mas muito antes de ser comprada pelo estúdio, a Pixar já espiava as produções da rival, se inspirando em algumas dessas animações para a criação de suas próprias franquias – e com Carros não foi diferente. Lançado em 2006 pelo estúdio californiano, o longa dos automóveis falantes foi um sucesso de audiência, garantindo uma série de filmes e séries para explorar esse universo. O que nem todo mundo sabe é que a inspiração por trás dessa história partiu de uma animação clássica da Disney, lançada em 1952: Susie, o Pequeno Cupê Azul.
O curta de Susie e como ele inspirou a franquia Carros no cinema

Como explicado no livro The Art Of Cars, de Michael Wallis e Suzanne Fitzgerald Wallis, uma das primeiras inspirações para Carros partiu justamente de uma animação da Disney, intitulada Susie, o Pequeno Cupê Azul. Na história, acompanhamos a vida de um simpático cupê azul que sai da concessionária, passa pelas mãos de um ricaço e vai parar na sarjeta até ganhar um novo recomeço com um jovem apaixonado por carros. Embora com uma história distinta, a inspiração ficaria clara na sua aparência, com olhos expressivos no lugar do para-brisas, boca onde seriam as grades e rodas agitadas para dar a impressão de membros, lembrando em muito a versão dos carros da Pixar.
Acontece que John Lasseter, um dos criadores de Carros, era um verdadeiro apaixonado pela animação da Disney, que estudaria o curta e aproveitaria os conceitos criados pelos artistas para empregar na sua própria franquia motorizada. Curiosamente, Susie não foi o único possante animado que serviu de inspiração para o nosso relâmpago vermelho, com uma série de animações dos estúdios da Disney servindo de influência para a franquia da Pixar – e olha que não foram poucas.
As inspirações animadas para a franquia Carros da Pixar

Embora Susie possa ser o grande nome quando o assunto é inspiração para Carros, outros desenhos antigos e menos lembrados também tiveram sua dose de participação nessa história. De acordo Ward [via AutoWeek], curtas como One Cab’s Family (1952) e o filme Alô, Amigos (1942), responsável por apresentar o avião-correio Pedro em uma das animações, também contribuíram para a criação dos famosos corredores.
Enquanto o curta de 52 mostra o nascimento de um pequeno carro táxi que desejava acelerar nas pistas, Alô, Amigos traz quatro animações voltadas para a América Latina, incluindo a primeira aparição de Zé Carioca e, é claro, Pedro, um pequeno avião chileno que carrega correspondências. Curiosamente, a jovem aeronave também parece ter servido de influência para outra franquia da Disney, com sua saga dos polêmicos Aviões. Por fim, um projeto cancelado de uma história experimental sobre um carro elétrico também entraria para a lista das inspirações, mas desta vez quase assumindo o lugar da própria franquia da Pixar.
O Carro Amarelo que quase assumiu o lugar de Carros e adiou a sequência de Toy Story

Quando a Pixar ainda trabalhava para finalizar a produção de Vida de Inseto, em 1998, os primeiros esboços envolvendo carros antropomórficos começaram a surgir, com o projeto ficando conhecido como “O Carro Amarelo”. Desenvolvido pelo artista dinamarquês Jorgen Klubien, “A história seguia um pequeno carro elétrico amarelo tentando encontrar seu lugar em uma cidade dominada pela gasolina, sofrendo preconceito por outros carros a combustão.
Embora o conceito tenha se mostrado insuficiente para sustentar um filme, a ideia serviria de base para a criação do que se tornaria Carros mais tarde, incluindo a cidade pequena e o conceito do protagonista excluído. Curiosamente, após descartarem a ideia, o estúdio passou a desenvolver a trama para um segundo filme dos brinquedos de Toy Story 2, chegando aos cinemas ainda em 1999. Caso “O Carro Amarelo” não tivesse sido descartado, é provável que a franquia Carros não apenas jamais existisse, como a própria continuação de Toy Story pudesse ter sido adiada. Felizmente, para os fãs das animações, nada disso aconteceu no final, com o carro amarelo nunca deixando a garagem do estúdio.