Em uma época de mudanças em Hollywood, Jack Conrad (Brad Pitt) é apresentado como um astro do cinema mudo que não consegue lidar com as novas transições do cinema falado, e que encontra em seu fim trágico uma trama de ascensão e queda típica das grandes estrelas de seu tempo. No entanto, diante da brutalidade da história de Conrad e sua estranhamente mórbida realidade, o público passou a se perguntar até que ponto as complicações do famoso ator de fato existiram.

E embora Babilônia (2023) apresente problemas reais da época de transição dos cinemas, não é novidade que o filme está longe de uma biografia precisa do seu tempo, com novos personagens e uma história própria guiando o fio condutor de toda essa trama. Mas seria também essa a realidade de Jack Conrad?

Jack Conrad não é real (ao menos, não completamente)

Babilônia
Brad Pitt como Jack Conrad em "Babilônia" (2022) - Paramount Pictures/Reprodução

Ainda que apresente inspirações na vida real, Jack Conrad não foi um ator de verdade. Na realidade, o personagem é uma mistura de outras estrelas do cinema mudo, como John Gilbert, Douglas Fairbanks e Clark Gable. Os atores eram grandes nomes do seu tempo, e extremamente conhecidos por suas performances marcantes e expressivas, típicas do cinema não falado.

Além disso, Conrad e seu final trágico parecem buscar inspiração na decadência de outros atores do mesmo período, que embora não tenham tirado a própria vida como o personagem, acabaram sendo esquecidos ou falecendo precocemente durante a transição, vítimas de problemas cardíacos e outras complicações.

Final trágico de Jack Conrad e suas inspirações na vida real

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Brad Pitt como Jack Conrad em "Babilônia" (2022) - Paramount Pictures/Reprodução

No fim, vendo as mudanças do cinema e não conseguindo se adaptar a elas, Conrad decide tirar a própria vida em uma banheira de um hotel luxuoso, morrendo no auge de sua carreira e longe do possível esquecimento. Ainda que de forma contrária, outras estrelas do cinema mudo também passaram por situações semelhantes, como James Murray, Olive Thomas, Alma Rubens, que encontrariam seu fim trágico ainda jovens, com problemas de saúde mental e abuso de substâncias ilícitas.

Assim sendo, não parece correto dizer que Jack Conrad não existiu, mas que o personagem é uma mistura da decadência dos atores de seu tempo, e como a fama e a mídia envolvendo suas vidas os levaram a tomar decisões extremas. Babilônia se torna assim um lembrete que mesmo o maior de sua época pode ruir e cair às cinzas do esquecimento, independentemente se é feito de ossos ou pedras.