A franquia Velozes e Furiosos se tornou um sucesso de audiência, com números bilionários de bilheteria e um elenco recheado de estrelas, mas esse resultado não veio sozinho. Com o passar dos anos, Velozes e Furiosos saiu de um filme sobre corridas de rua para uma franquia com tramas de espionagem e ação exagerada, às vezes até mesmo deixando seus carros de lado. Não à toa, a escolha criativa não agradou todo mundo, com alguns fãs se mostrando descontentes com o rumo que a história havia tomado. Mas quando essas mudanças começaram a acontecer, afinal?

Embora a decisão tenha sido gradativa, com cada novo filme aumentando a aposta do anterior, ninguém parece discordar que a primeira trilogia foi a mais próxima de manter os pés no chão, com Desafio em Tóquio sendo um dos melhores exemplos disso. Ainda explorando o universo das corridas de rua, o longa no Japão foi o primeiro sem Toretto no comando, apostando no drift e em um cenário completamente inédito. Infelizmente, apesar da boa recepção dos fãs, Desafio em Tóquio atingiria os piores resultados de toda a franquia, e daria início às primeiras grandes mudanças do seu universo: algo que já seria possível notar em sua continuação.

Velozes e Furiosos 4 marcou o início da transição

Velozes e Furiosos
Michelle Rodriguez (Letty Ortiz) e Vin Diesel (Dominic Toretto) em "Velozes e Furiosos 4" (2009) - Universal Pictures/Reprodução

Com Toretto outra vez no comando, Velozes e Furiosos 4 (2009) levou a saga para um novo (e lucrativo) caminho. Após o fracasso comercial em Tóquio, a franquia dos corredores passou por algumas mudanças em sua estrutura, incluindo alguns nomes de peso e uma trama ainda mais voltada para os blockbusters de ação. Graças a isso, a família dos corredores abraçou de vez o seu lado fora da lei, se envolvendo em crimes e até mesmo matando alguns dos seus inimigos no processo. Os carros, é claro, ainda estavam lá, mas agora muito mais distantes das antigas competições por dinheiro.

Com um orçamento equivalente a Desafio em Tóquio, Velozes e Furiosos 4 se tornou o filme de maior bilheteria até aquele período, com uma arrecadação estimada de U$ 360 milhões (via Box Office Mojo). Não à toa, sua sequência abraçaria de vez o novo formato, apostando na ação e se distanciando de forma irreversível das antigas corridas de rua. Algo que o Brasil também faria parte.

Mudanças ganharam força no Velozes e Furiosos do Brasil

Velozes e Furiosos
Paul Walker (Brian O'Conner) e Vin Diesel (Dominic Toretto) em "Velozes e Furiosos 5: Operação Rio" (2009) - Universal Pictures/Reprodução

Já nas terras tupiniquins, o quinto filme da franquia mergulhou de vez na ação frenética, com direito a roubo de trens, invasões a delegacias e até mesmo um cofre gigantesco sendo guinchado – tudo isso em meio ao conhecido cenário do Rio de Janeiro. Ainda como foras da lei, Velozes e Furiosos 5: Operação Rio (2011), não mudou muito a fórmula do longa anterior, apostando em uma história de ação com um elenco pra lá de recheado.

E o resultado disso não poderia ser melhor. Mesmo fora do Brasil, a quinta parcela da franquia não desapontou, e elencou na lista de muitos como o melhor filme dos corredores de rua. Tudo isso, é claro, refletiria na própria bilheteria, com Velozes e Furiosos 5 sendo o primeiro a ultrapassar a barreira do meio bilhão de dólares (feito que viria a se repetir nos próximos anos). Graças ao sucesso comercial dos dois últimos lançamentos, Toretto e sua equipe se aposentariam de vez das corridas de rua, e dariam espaço a uma nova e extravagante história sobre espionagem e trabalho em equipe.

Velozes e Furiosos 6 se entregou de vez aos filmes de ação

Velozes e Furiosos
Tyrese Gibson (Roman Pearce) e seu salto de fé em "Velozes e Furiosos 6 (2013)" - Universal Pictures/Reprodução

Responsável por levar Dom e sua turma para o mundo das espionagens, Velozes e Furiosos 6 (2013) é possivelmente o último grande responsável pelas mudanças da franquia. Se ainda restava alguma dúvida do caminho tomado, o sexto filme da série veio para consolidar a nova fase, elevando as ameaças e trazendo algumas das lutas mais exageradas de toda a franquia – além de iniciar uma controversa aliança entre Dom e Hobbs (Dwayne Johnson). Seguindo a onda dos filmes anteriores, a sexta parte da saga manteve os bons resultados, e alcançou os inéditos U$ 788 milhões.

Depois disso, bolas de demolições explosivas, carros pendurados por ganchos e até mesmo automóveis indo para o espaço já não pareciam tão absurdos assim, com os exageros da franquia não apenas se tornando cada vez mais comuns, como também virando uma espécie de marca registrada dos famosos corredores – mesmo que não tenha agradado todo mundo.

Por que Velozes e Furiosos mudou tanto?

Velozes e Furiosos
Paul Walker (Brian O'Conner) e Vin Diesel (Dominic Toretto) em "Velozes e Furiosos (2001)" - Universal Pictures/Reprodução

Em meio a números incalculáveis de bilheteria, entender o motivo dessa mudança não parece ser tão difícil, principalmente quando levamos em consideração as arrecadações iniciais do projeto. Antes de Velozes e Furiosos 4, a saga dos corredores parecia ter chegado ao seu limite, com +Velozes +Furiosos (2009) sequer ultrapassando a barreira dos U$ 300 milhões. Ainda que longe de um fracasso comercial, o alto valor investido e os números alcançados não animavam, com as críticas mistas à nova produção tornando seu futuro ainda mais incerto.

Embora não tenha agradado todo mundo, as mudanças na trama deram uma sobrevida a saga de Toretto, e permitiram que sua equipe pudesse permanecer todo esse tempo nas telas. Levando em consideração os números pouco expressivos do segundo e terceiro filme da franquia, não é difícil imaginar que nossos pilotos de ação dificilmente ainda estariam nas pistas caso não tivessem mudado sua estratégia – mesmo que para isso tenham precisado deixar as corridas de lado. Uma escolha que se mostrou, para todos os efeitos, mais do que lucrativa.