Sucesso dos anos 80 por filmes como E.T. O Extraterrestre (1982) e Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981), Steven Spielberg por muito pouco não acabou parando em outra franquia de sucesso, dirigindo um dos famosos longas do agente britânico James Bond.
Infelizmente, para Spielberg, o futuro reservava outros planos para o cineasta, com sua vontade de dirigir um filme do espião inglês sendo rejeitada não apenas uma, mas duas vezes pelo produtor responsável pela franquia de Bond nos cinemas. No fim, a escolha se mostraria acertada, com o diretor substituindo a Walther PP e os ternos caros por um famoso chicote e chapéu Fedora.
Como o diretor acabou rejeitado duas vezes de um filme do James Bond
Ainda na época em que era apenas um diretor estreante nos blockbusters hollywoodianos com seu clássico Tubarão (1975), Spielberg faria sua primeira tentativa de encabeçar um projeto do agente James Bond para as telonas – e ouviria sua primeira negativa com isso. Na época, o então produtor de James Bond nos cinemas, Albert R. Broccoli, teria rejeitado a ideia, dizendo “não ser a escolha certa”. Mais tarde, com o lançamento de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Spielberg tentaria uma segunda proposta, ao que seria novamente recusado.
Acredita-se que a principal razão para a recusa de Broccoli para o cineasta se devia principalmente à nacionalidade americana de Spielberg. Até então, os diretores responsáveis por levar o agente inglês para as telonas eram invariavelmente britânicos, algo que só mudaria anos mais tarde, quando o americano Cary Joji Fukunaga assumiria o comando de 007: Sem Tempo para Morrer, em 2021.
Além disso, embora a história tenha provado que Spielberg estava longe de um simples cineasta, essa ainda não era a visão predominante dos estúdios, com o diretor ainda jovem e sem muitos trabalhos em seu currículo enfrentando problemas com as grandes empresas. A principal razão para isso se devia a fama de “gastão” do cineasta, e como muitos dos seus filmes até então vinham estourando o orçamento planejado – o que quase o impediu de assumir o comando de um certo arqueólogo, na época.
Felizmente, após a recusa de Broccoli aos projetos de Spielberg, o cineasta encontraria no amigo George Lucas uma nova lufada de esperança, com os planos de um aventureiro arqueólogo aos moldes de um certo agente inglês dando ao diretor a oportunidade que ele tanto queria.
Por que rejeitar Steven Spielberg se provou a melhor decisão
Embora questionável, a recusa de Broccoli permitiu que duas sagas de ação pudessem coexistir. Enquanto Spielberg comandava os longas do seu explorador do chapéu Fedora e humor ácido ao longo de toda década de 80, outros diretores lidavam com as novas histórias do agente inglês nas telonas, possibilitando que os fãs aproveitassem duas franquias de aventura ao mesmo tempo.
Ainda que seja inegável que o estilo artístico de Spielberg pareça perfeito para os longas do James Bond da época, é difícil imaginar que Indiana Jones de fato pudesse existir sem a recusa inicial do produtor. Isso por que, muitas das características do personagem – e a própria oferta de George Lucas para o amigo – nasceram justamente do desejo do cineasta em dirigir um longa do agente.
Sem a negativa, Spielberg não precisaria colocar em Indiana Jones as inspirações que tanto admirava, além de que dificilmente teria encontrado tempo – e motivo – para se dividir entre os dois personagens, uma vez que poderia se dedicar integralmente aos longas do espião britânico. Felizmente, tudo pareceu convergir da melhor forma possível para o diretor, que pode demonstrar todo seu amor ao agente James Bond em sua própria franquia mais tarde.
Spielberg faria um aceno a James Bond em Indiana Jones
Ainda que os planos de dirigir um filme de Bond não tenham saído como o planejado, Spielberg não ficou de mãos abanando, aproveitando a franquia do arqueólogo Indiana Jones para fazer uma merecida homenagem à saga.
Foi assim que no início de Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) nosso protagonista acabou deixando o clássico uniforme de explorador de lado para dar lugar a um igualmente famoso smoking branco, utilizado pelo próprio James Bond em 007 Goldfinger (1964). Infelizmente, a alegria do nosso agente arqueólogo dura pouco, e sua aventura logo volta aos eixos.
Para concluir com chave de ouro essa história, Spielberg ainda teria a chance de escalar o próprio James Bond em sua trilogia, com o longa de Indiana Jones e a Última Cruzada (1989) trazendo Sean Connery para viver o pai do protagonista. Vale lembrar que o ator foi responsável por protagonizar as primeiras aventuras de Bond nos cinemas, e está entre os mais lembrados quando o assunto é o famoso agente britânico.