Você provavelmente conhece as Tartarugas Ninja de algum lugar na TV. Seja assistindo a icônica animação dos anos 80, ou nas polêmicas versões dos cinemas, o grupo de adolescentes mutantes obcecados por pizza e artes marciais se tornou um sucesso de audiência, angariando fãs ao longo do globo e garantindo seu espaço no imaginário de crianças e adultos.
Não à toa, a franquia, que começou ainda no início dos anos 80, segue firme até os dias de hoje, com séries, filmes, histórias em quadrinhos e uma leva de brinquedos espalhados por todo lugar – mas as coisas nem sempre foram tão fáceis assim. Antes de alcançar seu espaço, as Tartarugas Ninja precisaram passar por algumas mudanças ao longo do tempo, com seus criadores Kevin Eastman e Peter Laird chegando até mesmo a contar as moedas para o seu lançamento. Mas será que você sabe tudo sobre as Tartarugas Ninja, afinal?
10 Michelangelo foi a primeira Tartaruga criada

Entediado no apartamento de Laird, Kevin Eastman decidiu brincar esboçando algumas ideias, criando por acidente uma das maiores franquias de todos os tempos. Para passar o tempo, Eastman desenhou uma caricata tartaruga de pé, usando bandana e um par de nunchakus amarrados nas mãos. Dito de maneira simples, Michelangelo foi a primeira tartaruga criada pelo quadrinista, em um desses acidentes criativos improváveis.
Para efeito de curiosidade, os irmãos de Michelangelo surgiriam logo depois, com Eastman desenhando ainda outras três tartarugas portando armas ninja igualmente aleatórias. Ainda que o nome dos irmãos só fosse surgir mais tarde, o título “Ninja Turtles: Teenage Mutant” também foi criado ali, em uma colaboração criativa entre Laird e seu colega de quarto.
9 As Tartarugas Ninja deveriam ter nomes japoneses

Embora o título já estivesse pronto, ainda era preciso batizar as Tartarugas com nomes que chamassem a atenção, e a primeira tentativa foi dar nomes japoneses para elas. A ideia até fazia sentido, tendo em vista que as armas japonesas vinham sendo usadas pelos ninjas do esgoto desde os primeiros esboços. O problema é que nenhum nome japonês soava realmente bem.
A solução? Pegar um livro com a história da arte e tirar nomes famosos renascentistas. Assim, Michelangelo, Donatello, Rafael e Leonardo finalmente nasciam, com nomes que casavam perfeitamente com o humor peculiar dos autores. Curiosamente, Michelangelo por pouco não foi chamado de Bernini (Gian Lorenzo Bernini), com Eastman se dissuadindo da ideia apenas depois de um concelho do amigo – já pensou?
8 Contando as moedas para o lançamento

Quem vê as Tartarugas hoje pode nem imaginar isso, mas para elas chegarem as bancas foi necessário contar cada centavo. Embora Eastman e Laird estivessem convictos de que daria certo, somente essa certeza não era o suficiente para chegar ao varejo, com os autores precisando juntar 2 mil dólares para lançar o seu livro. O problema é que eles não tinham esse dinheiro.
Como solução, Eastman usou sua declaração de imposto de renda de US$ 500, Laird limpou sua conta bancária de US$ 200, e os dois pediram um empréstimo de US$ 1.300 com o tio para imprimir 3.000 cópias da primeira revista em quadrinhos. Felizmente, o esforço valeu a pena, e as Tartarugas Ninja se tornam um verdadeiro sucesso desde o seu lançamento. Uma aposta quem vem rendendo frutos até os dias de hoje.
7 As Tartarugas Ninja eram pra ser um volume único

A primeira HQ das Tartarugas Ninja foi planejada inicialmente como um único volume. Por mais confiantes que estivessem, Eastman e Laird não planejavam uma continuação, apostando ao invés disso em uma história única e simples para as quatro tartarugas mutantes. Não à toa, Destruidor, o grande vilão da saga e líder dos Foot Clan, aqui é apresentado como um inimigo sem grande importância, sendo até mesmo morto no final da edição.
Graças ao sucesso do lançamento, no entanto, Eastman e Laird repensaram essa conclusão, voltando atrás na história e expandindo o universo em novas HQs para os heróis. Como resultado, a primeira retcon dos quadrinhos começou já no livro seguinte, com o Destruidor voltando a vida para novos embates contra os ninjas.
6 Homenagem ao Demolidor

Sucesso no MCU, Demolidor está em alta nos últimos dias, mas você sabia que ele também inspirou nossas Tartarugas Ninja lá nos anos 80? Em “Demolidor #1” de 1963, Matt Murdock fica cego após ser atingido por uma lata contendo uma substância radioativa que bate em seu rosto. Já no universo das tartarugas, são elas quem sãos atingidas, caindo junto com a lata em um bueiro que leva ao esgoto.
Além disso, o mestre das Tartarugas e figura paterna dos irmãos também faz referência ao sensei do Demolidor, Stick. Enquanto o nome do mentor de Murdock pode ser traduzido como “graveto” aqui no Brasil, Splinter é uma forma comum para se referir a lasca de madeira em inglês. A mesma sutileza se repete com a organização The Hand (“A Mão”), presente em muitas histórias do Demolidor, e que em Tartarugas Ninja seria adaptada como Foot Clan, ou Clã do Pé, em bom português.
5 As Tartarugas Ninja eram muito mais violentas

Antes de chegar as TVs com seu clássico infantil dos anos 80, As Tartarugas Ninja eram um grupo de mutantes muito mais violentos e sombrios. Isso inclui desde dizer palavrões no lugar das piadas, até fatiar inimigos com Katanas e um par de Sais. Apesar do sucesso entre os adolescentes, essa não pareceu uma versão adequada para a Playmates Toys, interessada em produzir brinquedos dos personagens, que ficou receosa quanto a recepção do público infantil com os heróis boca suja dos quadrinhos.
Como resultado, uma série de mudanças passaram a acontecer e tornaram as antigas Tartarugas menos violentas para a TV. Com isso, os palavrões foram substituídos por frases de efeito, as Tartarugas viraram brincalhonas, inimigos viraram robôs e o Destruidor se tornou um clássico vilão de desenho animado. Apesar dos pesares, foi também graças a essa onda de mudanças que as Tartarugas Ninja ganharam suas clássicas máscaras coloridas, permitindo que fossem identificadas mais facilmente pelo público infantil.
Embora as Tartarugas já utilizassem máscaras desde as suas primeiras versões para os quadrinhos, devido a limitação envolvendo a arte preto e branco das HQs, não era possível identificá-las através desse detalhe. Como solução, os desenhistas optaram por distinguir seus personagens pelos equipamentos que eles seguravam, dando um conjunto de armas exclusivas e facilmente reconhecíveis para cada uma das Tartarugas. O problema é que isso também gerou problemas com a empresa de brinquedos, interessada em tirar a ligação entre as armas e os jovens heróis do esgoto. Graças a isso, além das máscaras coloridas, nossos heróis também passaram a utilizar cintos com as iniciais correspondentes, além de joelheiras e braçadeiras com a respectiva cor de cada personagem.
4 Desenho clássico das Tartarugas Ninja foi censurado na Europa

Agradar a mídia nem sempre é uma tarefa fácil. Mesmo quando a série de 1988 chegou a Europa já com sua versão repaginada e, aparentemente, inofensiva, no Reino Unido e em alguns países europeus, uma nova onda de mudanças precisou ocorrer. Devido a censura rigorosa envolvendo as produções infantis, muitas cenas de ação ligadas as lutas das Tartarugas precisaram ser editadas ou parcialmente cortadas, com quadros diminuídos e redução do tempo em que as armas apareciam em tela.
Michelangelo foi quem levou a pior, já que no Reino Unido nunchakus são proibidos. Como consequência, sua arma precisou ser redesenhada para o país, com a Tartaruga passando a utilizar um par de ganchos no lugar dos bastões. Como se tudo isso não bastasse, nem mesmo o nome do programa escaparia das mudanças, sendo alterado para “Teenage Mutant Hero Turtles”, graças a suposta conotação violenta envolvendo a palavra “Ninja”. Um esforço e tanto para alcançar os britânicos.
3 As Tartarugas Ninja quase devastaram o ecossistema da Europa

A “vingança” contra a censura europeia chegou nos anos 90. Após o sucesso das Tartarugas Ninja entre os jovens britânicos, uma onda de importações dos pequenos animaizinhos aquáticos estimulou a economia naqueles anos, com estimativas que cerca de 250.000 tartarugas tenham chegado a Europa a fim de se tornarem animais de estimação. Graças ao baixo custo envolvendo os animais, a procura se tornou frequente, com novas tartarugas chegando ao continente a medida que os desenhos cresciam.
O problema é que assim como as Tartarugas dos desenhos animados, os novos animaizinhos domésticos também começaram a crescer, perdendo seu charme e sendo frequentemente jogados em rios e lagoas. O resultado dessa decisão seria desastroso, com o ecossistema sendo devastado pelos novos habitantes estrangeiros. Como solução, a União Europeia precisou intervir, proibindo a venda da espécie e evitando que novos inquilinos indesejados chegassem ao continente.
1 Mestre Splinter não treinou as Tartarugas para o bem

Nos quadrinhos, mestre Splinter não é apenas um sensei sábio e cuidadoso, mas também um rato vingativo com planos sombrios por trás de suas lições. Na verdade, Splinter treinou nossas tartarugas com o objetivo de se vingar do Destruidor, o grande responsável pela morte do seu antigo dono, Hamato Yoshi, antes dele ir para o esgoto.
Curiosamente, em algumas versões dessa história, incluindo a série de 87, Splinter é o próprio Hamato, transformado pela substância radioativa no rato que conhecemos. Mesmo nessas realidades, o Destruidor segue sendo seu grande algoz, com o vilão matando a esposa de Hamato antes que ele consiga impedi-lo.